domingo, 13 de julho de 2008

O vaso chinês

A história que transcrevo para aqui hoje tem muitas versões na troca de e-mails, que se tornou habitual, todos os dias, fazer-se na Net. Seja sob a forma de textos, apresentações de slides, ou mesmo vídeos.
As versões são quase tantas quantos os e-mails.
Na versão que aqui deixo, também acrescentei um ponto ao conto.
Parece-me que tem a ver com o lado romântico do trabalho de tutoria. Pelo menos, é assim que, para já, proponho a leitura deste texto.

O VASO CHINÊS

Uma velha senhora chinesa possuía dois grandes vasos, que suspendia em cada extremidade de uma vara que ela carregava nas costas, todas as vezes que ia ao rio buscar água.
Um dos vasos estava rachado e deixava escapar alguma da água com que a velha senhora o enchia. O outro, não, o outro era perfeito; por isso chegava sempre cheio de água ao fim da longa caminhada do rio até casa, enquanto que o vaso rachado chegava já meio vazio.
Durante muito tempo foi assim, com a senhora chegando sempre a casa somente com um vaso e meio de água. Naturalmente, o vaso perfeito era muito orgulhoso do próprio resultado, enquanto o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só metade daquilo que deveria ser capaz de fazer.
Passaram-se dois anos assim nesta situação. Nessa altura, reflectindo sobre a própria amargura de ser rachado, o vaso desgostado da sua condição resolveu falar com a senhora durante o caminho para o rio: “- Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta fenda que eu tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até casa... Porque não me trocaste já por outro?...”
A velhinha sorriu, parou e pediu-lhe que olhasse o caminho que faziam todos os dias: “Repara que todo o caminho é seco e árido, cada vez mais, quanto mais subimos de volta para casa. Menos assim mesmo à nossa beira, mas só de um dos lados, que está cheio de lindas flores, que perfumam o ar e enchem de bem-estar, com as suas cores e os seus aromas, todas as pessoas que por aqui passam. Esse lado é o lado de que tu sobes e vais deixando cair a água que levas dentro. Eu sempre soube do teu defeito, mas poderia eu descontentar-me com o que tu fazias sem saber?... Todos os dias, enquanto voltamos para casa, tu regas todas estas lindas flores. Durante estes dois anos que passaram, eu pude também ir colhendo algumas destas belíssimas flores para enfeitar a mesa da sala. Se tu não fosses como és, como teria eu podido ter aquelas maravilhas em minha casa?... Cada um de nós tem o seu próprio defeito, tem o seu próprio feitio, a maneira de ver e de fazer as coisas.
O vaso rachado ouviu em silêncio, olhou as flores que subiam por ali acima e depois olhou para o outro vaso. O vaso íntegro olhava para ele e sorria, também. A velha senhora, que se tinha calado, compôs a vara em cima dos ombros e continuou o seu caminho.

Um comentário:

Luísa Ramos de Carvalho disse...

que máximo!!!
Mesmo que com seres humanos (e os que ainda são alunos nas escolas), os "vasos rachados" nem sempre consigam ver as flores que regam....